A transcrição das delações
A operação Lava Jato teve início em 2014 e, junto com ela, se iniciou uma grande quantidade de delações premiadas. Essas delações servem como uma moeda de troca entre a justiça brasileira e quem é indiciado por algum ato criminoso.
O acusado faz um acordo, em que ele se compromete a entregar provas que envolvam outros investigados, em troca de uma pena mais branda.
Um dos casos de delações premiadas mais recentes envolve o então presidente Michel Temer e o presidente do grupo JBS, Joesley Batista.
Joesley utilizou um gravador de voz, para registrar conversas que ele teve com o presidente da República, em que discutiam, por exemplo, o pagamento de propinas a parceiros, como ministros, deputados e senadores.
O arquivo de áudio não foi usado para analisar o conteúdo da conversa, mas sim a transcrição do áudio contido nessa gravação.
Transcrições famosas: Temer e Joesley
A transcrição, ato de transformar áudio em texto, dessas delações premiadas tem o objetivo de documentar o que foi dito pelos acusados do processo. Esse material transcrito passa a ser analisado pelos juízes e investigadores do caso, além de ser divulgado para advogados, imprensa e público em geral.

A conversa divulgada entre Joesley Batista e Michel Temer abalou todo o país.
Como um exemplo de transcrição de áudio, hoje disponibilizaremos no nosso blog a transcrição feita a partir do áudio divulgado amplamente na internet, que envolve a conversa entre Michel Temer e Joesley Batista.
Início da Transcrição [00:01:35]
Joesley: Boa noite.
Segurança 1: Boa noite.
Joesley: Tudo bem?
Segurança 1: A sua identidade, por favor.
Joesley: Ãhn. Obrigado. Boa noite.
Segurança 1: Boa noite.
[00:02:49] Joesley: Oba.
Segurança 2: Boa noite. (inint) [00:02:46]
Joesley: Boa noite. É, então, pediu pra mim parar na garagem.
Segurança 2: O senhor pode voltar? (inint) [00:03:05]
Joesley: Ah, obrigado.
[00:04:46] Temer: Vamos fazer isso, então. Vamos programar isso, tá bom? Tá bom.
Joesley: Temer, tudo bem? Tá tudo bem? (inint) [00:04:53]. Faz tempo que eu não te vejo.
Temer: Hein?
Joesley: Faz tempo que eu não vejo.
Temer: É você que tá fora do Brasil, não é? Pelo que eu soube, você estava morando fora.
Joesley: É.
Temer: (inint) [00:05:08]. Tudo bem? (inint) [00:05:20] nos Estados Unidos?
Joesley: Tô ficando muito, muito lá. A maior parte é lá.
Temer: A maior parte é lá.
Joesley: Como é que tá a correria? Antes (inint) [00:05:33]
Temer: (inint) [00:05:33] Sabe que eu era tão feliz (inint) [00:05:37]. Vai ver os compromissos, não é? Primeiro, você sabe que eu estou fazendo dez meses, parece que foi ontem, não é? Parece que foi ontem e parece eternidade, são duas coisas. Segundo que tem uma oposição muito (inint) [00:05:50] grande, não é? Terrível no começo. Eles lançaram o negócio do “golpe, golpe, golpe” … não passou. “Mas a economia não vai dar certo, não vai dar certo”, começou a dar certo. Mas os caras estão num desespero. Não é nem não ter apoio do Congresso. Se eu não tenho apoio do Congresso…
Joesley: Muito grande, né?
Temer: … eu tô ferrado. Eu tô ferrado. “Ah, não tem apoio da imprensa” … entendeu? Mas vai dar certo, nós vamos atravessar isso daí, você vai ver, vamos chegar no final deste ano já muito melhor, mas muito melhor. Dia dezoito vamos comemorar.
Joesley: Com certeza. Tanto que nós vamos chegar, isso mesmo, vamos chegar no fim desse ano olhando pra frente animado.
Temer: Animado.
Joesley: É. Olhando dali…
Temer: Já começou modestamente e tal, mas já começou. Uma coisa que eu não esperava que começasse agora.
Joesley: Muito rápido.
Temer: Está sendo muito rápido.
Joesley: Está sendo muito rápido. Porque você está falando dez meses, mas na realidade…
Temer: Seis como titular.
Joesley: Então, porque teve aquele periodozinho ali muito duro, não é, que não podia fazer nada, que num…
Temer: Seis meses como titular e olha o que nós já fizemos: o teto dos gastos; a reforma do ensino médio; aprovamos a (inint) [00:06:53], um troço que estava lá há 10 dias e não se votava; aprovamos (inint) [00:06:56], aprovou uma dívida de seguridade que estava prevista na Comissão Nacional de Justiça; fizemos um grande acordo com a mesa trabalhista, (inint) [00:07:04] acordado sobre… tá-tá dependendo das centrais sindicais (inint) [00:07:08].
Joesley: É muito rápido.
Temer: Muito rápido.
Joesley: Muita coisa e muito rápido. O… o… A economia tá bem, vai ter que baixar o juro rápido, porque a expectativa foi muito rápida, não é, a reversão da expectativa.
Temer: Mas eu tenho a impressão (inint) [00:07:23] desce mais um, vai descendo irresponsavelmente.
Joesley: E (inint) [00:07:31] deixar o mercado com a sensação de que foi pouco. O mercado tem que ficar na sensação de que…, não é? Não pode tomar a dianteira. Porque você vê, o Banco Central baixou vinte e cinco, depois vinte e seis, aí (inint) [00:07:54] aí quando ele deu aquele setenta e cinco, o mercado deu uma animada, só que aí já esperava um, aí deu setenta e cinco, que é muito, setenta e cinco é muito, ele deu um, o mercado: “Pô, agora vai dar um?” O Mercado acha pouco. “Como? É só um? Tinha que ser um e meio, dois.” Não, tá bom. Presidente, é tarde, deixe eu te falar. Primeiro, eu vim aqui por basicamente dois, três motivos assim, essenciais. É… primeiro, porque eu não tinha te visto, não é, desde quando você assumiu.
Temer: (Estive interino, não é?) [00:08:28].
Joesley: Não, não. Desde quando você assumiu.
Temer: (inint) [00:08:29] quando eu assumi, não.
Joesley: Não, não, não, não, não, antes de assumir.
Temer: Antes de assumir. Então, já faz 10 meses.
Joesley: Eu estive contigo no teu escritório, uns 10 dias antes ali, quando estava ali naquela briga ainda, naquela guerra pela rede social.
Temer: Tem razão.
Joesley: Essa coisa e tal.
Temer: Tem razão.
Joesley: Não é? Coisa de golpe. E aí, mas tudo bem. E aí, enfim, de lá pra cá, eu vinha falando com o Geddel, enfim, aí também não deu oportuni…
Temer: Deu aquele problema com (inint) [00:09:01].
Joesley: É, também não quis lhe incomodar.
Temer: (inint) [00:09:02] idiota, que ele não (inint) [00:09:05] os outros, aí…
Joesley: Só bobagem.
Temer: Só bobagem que ele fez. E bobagem sem consequência nenhuma.
Joesley: Não precisava daquilo, não é.
Temer: O cara fez um… aproveitou pra fazer um carnaval.
Joesley: Mas eu vinha falando com o Geddel ali, tudo bem, enfim, andei falando algumas vezes com o Padilha também. Agora o Padilha adoeceu, ficou adoentado. Enfim, aí eu fiquei meio, eu falei deixa eu ir lá, pra dar uma… Eu queria primeiro dizer o seguinte, estamos juntos aí, o que o senhor precisar de mim, viu, me fala.
Temer: Tá. Esperar passar mais essa…
Joesley: E te ouvir um pouco, Presidente. Como é que tá, como é que o senhor tá nessa situação toda aí do Eduardo, não sei o quê?
Temer: O Eduardo resolveu me fustigar, não é, você viu que…
Joesley: Eu não sei. Como é que está essa relação?
Temer: Tá… ele tá se perdendo na hora ali da defesa, que o Moro indeferiu vinte e uma perguntas dele que não tem nada a ver com a defesa dele.
Joesley: Pois é.
Temer: Era para me (inint) [00:10:11]. Eu não fiz nada (inint) [00:10:03] no Supremo Tribunal Federal (inint) [00:10:05]. E daí rapaz? Aí, eu… tudo bem, mas são os onze ministros.
Joesley: É, eu queria falar assim, (inint) [00:10:16]. Dentro do possível, eu fiz o máximo que deu ali, zerei tudo o que tinha de alguma pendência daqui pra ali, zerou, liquidou tudo e ele foi firme em cima, ele já tava lá, veio, cobrou, tal, tal, tal. Eu, pronto, acelerei o passo e tirei da folha. E o outro mineiro, companheiro dele que está aqui, não é, que o Geddel sempre tava…
Temer: (inint) [00:10:51].
Joesley: Isso. Isso. Geddel é que andava sempre ali, mas com Geddel também, com esse negócio, eu perdi o contato, que ele virou investigado, agora eu não posso também…
Temer: É complicado. É complicado.
Joesley: Eu não posso encontrar ele.
Temer: (inint) [00:11:09] vai parecer obstrução de justiça]
Joesley: Isso. Isso. Isso. Isso. Isso. Negócio dos vazamentos, o telefone lá do Eduardo com Geddel, volta e meia, citava alguma coisa meio tangenciando a nós, a não sei o quê. Eu tô lá, me defendendo. Como é que eu… o que que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora, eu estou de bem com o Eduardo.
Temer: Tem que manter isso, viu? (inint) [00:11:39]
Joesley: Todo mês também, eu estou segurando as pontas, estou indo. Pelos processos, eu tô meio enrolado aqui, não é, de processo assim.
Temer: (inint) [00:11:53].
Joesley: Isso. Isso. É. É investigado, eu não tenho ainda denúncia.
Temer: Não tem a denúncia.
Joesley: Isso. Não tenho a denúncia. Aqui eu dei conta, de um lado, do juiz, dar uma segurada, do outro lado, do juiz substituto, que é um cara que fica…
Temer: Está segurando os dois.
Joesley: Estou segurando os dois. Consegui (inint) [00:12:13] dentro da força-tarefa, que tá…
Temer: (inint) [00:12:18].
Joesley: Também está me dando informação. E eu lá que eu tô pra dar conta de trocar o procurador que está atrás de mim. E bom, se eu der conta, tem um lado bom e um lado ruim. O lado bom é que dar uma esfriada até o outro chegar e tal. O lado ruim é que se veem um cara com raiva ou com não sei o quê…
Temer: Mas você tá…
Joesley: O que tá, o que tá me…
Temer: Ajudando.
Joesley: O que tá me ajudando tá bom, beleza. Agora, o principal… porque é um… tem um que tá me investigando. Eu consegui em colar um no grupo, agora eu estou tentando trocar…
Temer: O que tá em (inint) [00:12:57].
Joesley: Isso. [Nessa aí.] Então, tá meio assim, ele saiu de férias. Até essa semana eu fiquei preocupado, que saiu um burburinho de que iam trocar ele, não sei o quê, eu fico com medo, mas tudo bem. Eu tô só contando essa história pra dizer assim, eu tô me defendendo aí, eu tô me segurando e tal, os dois lá eu tô mantendo, tudo bem. Mas é o motivo que o Geddel tava aqui, aquele negócio da anistia e quase não deu.
Temer: Quase, quase. (inint) [00:13:29] empresariais que, vamos dizer assim, são nossos. Se todos se reunirem e fizerem isso, aquilo que eu disse…
Joesley: Na hora.
Temer: Mas se todos fizerem isso…
Joesley: (inint) [00:13:47] desse troço. Sabe que eu tive até com o Presidente Lula, na época, lá no dia que o PT, parte do PT, (inint) [00:13:55] não sei o quê. Eu disse: “pô, Presidente, mas…” (inint) [00:13:59] ô, eu quero uma aguinha, um… água, que é todo mundo.
Temer: Você acha que eu não sei.
Joesley: Então, isso foi um negócio que… o negócio [da autoridade] era outro, não é. (inint)[00:14:16] abuso de autoridade. Presidente, eu não sei o quanto o senhor tá ao par assim de como de verdade (inint) [00:14:28] as coisas. É uma brutalidade , o negócio… O negócio é o seguinte: duas semanas atrás, três, (inint) [00:14:38], que eu nunca ouvi falar, nem conhecia também, que trabalhava lá com o Lúcio, parece que era no financeiro lá, não conheço, nunca vi, ninguém nosso nunca viu, nunca nada. O menino disse assim: “Ah, porque eu ouvi falar do Lúcio que não sei o quê. Eu ouvi falar…” Pô, me rendeu um Fantástico, um Jornal Nacional e não sei o quê, e uma confusão. Ainda bem que eu tenho boa relação com a imprensa, eu consegui rapidamente, aquietou. Foi um dia, dois, pronto, parou. Mas “puta merda” viu, é um…
Temer: Uma chateação.
Joesley: Tudo bem. Sobre esse ponto aí, tamo indo, tamo tocando.
Temer: (inint) [00:15:28].
Joesley: Eu tô fazendo cinquenta mil por mês.
Temer: (inint) [00:15:40].
Joesley: (inint) [00:15:41] rapaz tá lá, me dá informação, pelo menos me dá informação. (inint) [00:15:48]. O “brabo” é… enfim, mas vamos lá. Eu queria falar sobre isso, falar sobre isso, falar como é que é que pra mim falar contigo, qual é a melhor maneira, porque eu vinha falando através do Geddel, através… eu não vou lhe incomodar, evidente (inint) [00:16:07].
Temer: (inint) [00:16:09] as pessoas, sabe como é que é.
Joesley: Eu sei disso, por isso é que…
Temer: (inint) [00:16:13].
Joesley: É o Rodrigo?
Temer: Rodrigo.
Joesley: Ah, então ótimo.
Temer: (inint) [00:16:18] [passar por meio dele, porque ele é da minha mais estrita confiança (inint) [00:16:23].
Joesley: Eu prefiro combinar assim ó: se for alguma coisa que eu precisar e tal, eu falo com o Rodrigo. Se for algum assunto desse tipo aí…
Temer: (inint) [00:16:32].
Joesley: Funcionou super bem, à noite, onze horas da noite, meia-noite, dez e meia, eu venho aqui, a gente conversa uns dez minutinhos, meia horinha, vou embora. Tá, falar de outra coisa aqui. O Henrique. Como é que você está com o Henrique? Bem?
Temer: Está muito bem.
Joesley: Tranquilo com o Henrique?
Temer: Muito satisfatório, porque ele é um sujeito (inint) [00:16:56]. Quer dizer, ele concorda comigo. Eu digo (inint) [00:17:03]. “Não, porque vai acontecer isso.” “Tem razão.” E aí ele faz o que eu (inint) [00:17:08] quanto tempo.
Joesley: Muito trabalhador. Ele é trabalhador.
Temer: Trabalhador. Trabalha por nós todos, viu, que a gente sabe que é difícil no Brasil.
Joesley: Nossa Senhora, hein.
Temer: Inacreditável. Inacreditável. Mas o Henrique vai muito bem. Eu chamo ele todo dia, sem parar. Eu chamo ele aqui para trabalhar.
Joesley: E ele gosta.
Temer: Ele gosta.
Joesley: Ele gosta de trabalhar. Você não chama ele para ir para a praia. Se você for para a praia e chamar ele, ih!
Temer: Não tem graça.
Joesley: Ele não vai agradar. Agora, se você falar: “Não, vamos trabalhar.” Eu tenho… e o Henrique é muito disciplinado, uma relação ótima com ele, eu tive assim, que ele saiu bem, está tudo bem. Eu não sei, vamos dizer assim, eu já andei falando com ele alguns assuntos, tecendo ele, ele é…
Temer: (inint) [00:17:56]
Joesley: Pra caramba. Por exemplo, um dia eu falei com ele, eu falei: “O negócio lá no BC, como é que está e tal?”. Ele: “Não, aquilo lá, o (Ilan) [00:18:10] faz as coisas.” Tira fora. “Eu sei quem manda nessa merda. Tá o (Ilan) [00:18:14] lá.”
Temer: (inint) [00:18:16].
Joesley: Então. Aí que eu quero… um dia eu falei assim: “Henrique, precisa mexer na Receita Federal, pô. (Rachid) [00:18:26] ai, está tanto tempo aí. Põe um outro cara aí, mais dinâmico, pra um monte de coisa pra fazer.” “Ih, isso já não dá. Não posso mexer.” Aí, “BNDES.” “BNDES é o planejamento.” “Pô, mas foi você que botou a Maria Silvia lá.” “Não, não, não, mas isso é do Jucá.”
Temer: (inint) [00:18:46 ]
Joesley: Queria ter alguma sintonia contigo, pra quando eu falar com ele, ele não jogar “Ah, não presidente não…”
Temer: Não deixa.
Joesley: “Não deixa. Não quer.” “Pô, Henrique, mas tu é só um banana, aí você não manda, pô…” Aí eu falei com ele o negócio do CADE, aí era o… o presidente do CADE ia mudar, não é, mudou ou sei lá, botou alguém aí.
Temer: Já mudou.
Joesley: Já mudou, já botou?
Temer: (inint) [00:19:26].
Joesley: Isso. Aí, eu falei “Henrique, pô, presidente do CADE aí, tem que botar…” “Ah, isso aí não…” Eu quero dizer o seguinte, resumindo, que eu também não sei se é hora de mexer nessas coisas, porque dentro do contexto geral eu também não quero importunar ele, também eu não… se eu for mais… porque eu trabalhei com ele quatro anos, se eu for mais firme nele, dizendo, “Pô, Henrique, tem que…” Eu acho que ele, acho que ele corresponde.
Temer: Ele, eu não sei se ele sabe, mas uma das denúncias maiores que teve (inint) [00:20:03 ] vinda dele para mim, foi eu e você. (inint) [00:20:07].
Joesley: É, e o meu… e o… até voltando um pouco ao caso do Eduardo, na época, antes de… “Oh, briguei lá e tal pra… Oh, agora tem que ver se (inint) [00:20:26].” Tudo bem, aí ele, uns quinze dias antes dele (inint) [00:20:31] do Eduardo comigo. Aí, ele veio e deu uma cobradazinha em mim, “Oh, agora eu tenho que trabalhar, né.” Não sei o quê e tal. Falei: “Eduardo, não é assim também. Também assim não.” “Ah, mas puta que o pariu.”
Temer: Deu no que deu.
Joesley: Deu no que deu. Aí, ele… aí, eu falei: “Eduardo”, uns quinze dias antes, “Eduardo, não é assim, não, espera aí, pô.” “Não, pô.” (inint) [00:20:51] “Pô, já estou ferrado aí.” Porque ele (inint) [00:20:55] ficou Fazenda, Banco Central, não é, o Banco Central perdeu o status de ministro, não é. Pô, o Henrique ficou muito prestigiado. “Espera aí, o Henrique também não pode sair fazendo assim, pô.” Queria só, não sei se eu… te dar um toque em relação a isso e em relação a… eu não sei o quanto eu vou mais firme no Henrique, o quanto eu deixo ele com essa pepineira do (inint) [00:21:23] e tal. Enfim…
Temer: Eu acho que (inint) [00:21:26].
Joesley: Se ele jogar pra cima de você, eu posso bancar, dizer assim: “Não, não, não. Qualquer coisa, eu falo com ele.”
Temer: (inint) [00:21:33 ].
Joesley: Pronto, qualquer coisa…
Temer: (inint) [00:21:35].
Joesley: Ah, então.
Temer: (inint) [00:21:39] pode ser?
Joesley: Pode. Lógico. Lógico. Lógico. Eu não vou falar nada descabido. Eu não gosto de descabido. Agora, esse presidente do CADE, eu não sei se, mas isso seria, eu falei com ele: “Henrique, é importantíssimo ter um presidente do CADE ponta firme.
Temer: (inint) [00:21:57].
Joesley: Mas já foi, já foi.
Temer: Já foi?
Joesley: Já foi. Em janeiro agora. E aí eu não soube, eu falei pra ele…
Temer: (inint) [00:22:05].
Joesley: O presidente do CADE já foi. Foi nomeado um presidente.
Temer: (inint) [00:22:09] conversa franca.
Joesley: Tem que ser, cara. Eu não sei, cara, então talvez…
Temer: (inint) [00:22:14].
Joesley: Então, por exemplo, agora está o presidente da CVM pra trocar, não trocar. É outro lugar, (inint) [00:22:21]. E aí, e assim, se eu falar…
Temer: Você devia falar com o Henrique.
Joesley: Isso, mas é que se eu falar com ele, ele empurrar pra você, eu poder dizer: “Não, não, não, não, espera aí.”
Temer: Mas pode fazer, pode fazer, claro.
Joesley: É só isso é que eu queria ter esse alinhamento, para o Henrique não ficar… e pra ele perceber que nós temos…
Temer: (inint) [00:22:41] porque se ele trouxer (inint) [00:22:45] E nem precisa falar de você. Você vai pegar, falar (inint) [00:22:48 ] E aí você fala: “É um bom (inint) [00:22:51].”
Joesley: Pronto. Quando eu digo, mas quando eu digo de ir mais firme no Henrique, é isso. É falar: “Henrique, pô, você vai levar? Você vai fazer isso?” “Vou.” “Ah, então tá bom.” Porque ele vem… Não, então tem esse alinhamento só que eu queria ter.
Temer: É bom. Pode fazer isso.
Joesley: Em todos os… em termos mais amplos, assim, genéricos, ter esse alinhamento, pra dizer o seguinte: “Oh, quando eu falar um negócio, pô, pelo menos faz, consulta lá, vê.” (inint) [00:23:18] negócio do BNDES lá, daquela operação. Geddel me falou que isso teve todo o empenho, poxa.
Temer: (inint) [00:23:24] Em janeiro ele foi chamado, não é.
Joesley: Pois é. Pois é.
Temer: Eu não sei exatamente quem (inint) [00:23:29].
Joesley: Não deu de um jeito, mas deu do outro…
Temer: Mas deu do outro.
Joesley: Tá e pronto, deu certo.
Temer: Tanto que eu recentemente (inint) [00:23:39]. Eu chamei pra ver sobre (inint) [00:23:45] Ver, no caso do BNDES, ver o que estava sendo feito. (inint) [00:23:48 ] de um jeito que deu certo, então…
Joesley: É, o BNDES está bem travado. Esse negócio do BNDES, isso é outra (inint) [00:23:57] influência que hoje, quem, Maria Silvia está falando com quem? Acho que está problemático, viu?
Temer: (inint) [00:24:08].
Joesley: Então.
Temer: (inint) [00:24:09]. Eu sei que dois setores lá estão com os bens indisponíveis (inint) [00:24:18] os caras não podem mexer. Então, eles têm medo de mexer em qualquer coisa. Está com uma verba de cento e cinquenta bilhões parada, mas isso daí, para o Meireles, você vai ter que falar.
Joesley: Então, é isso é que eu quero… e se ele escorregar, eu digo “Ó…”
Temer: Então, consulte.
Joesley: Consulta lá.
Temer: Consulte o presidente.
Joesley: Consulta e me fala (inint) [00:24:41]. Tá bom, canal de comunica… eu fiz uma… Henrique aqui, CADE, BNDES.
Temer: Ele veio de São Paulo.
Joesley: Geddel, você tem visto ele? Como é que ele está?
Temer: Falou comigo hoje pelo telefone.
Joesley: É? E ele?
Temer: (inint) [00:24:59]
Joesley: Exatamente. Inflação não vai voltar. Como é que vai financiar dois mil e dezoito?
Temer: Não sei.
Joesley: (inint) [00:25:18].
Temer: (inint) [00:25:19] Arruma então o ambiente. Apesar de (inint) [00:25:26] melhorando a economia e tal etc. etc., tu achas que quando melhorar bem a economia (inint) [00:25:32]?
Joesley: Com certeza. Não tem nem… é casa que falta pão, não tem união. Não é assim? Não tem nenhum remédio melhor do que as coisas bem financeiramente. Aí, todo mundo acalma, todo mundo…
Temer: Certamente.
Joesley: No TSE, como é que está?
Temer: Falando daquele negócio (inint) [00:25:50], é um negócio meio maluco. Eu conversei com ele lá (inint) [00:25:54 ]. Primeiro que eu acho que não passa o negócio da minha cassação, não passa porque eles têm uma consciência política, pô, mais um presidente. Primeiro. Segundo, tem (inint) [00:26:05]. Terceiro, também a improcedência da ação. (inint) [00:26:09] só nos meus afazeres políticos, mas (inint) [00:26:11] da ação, uma (inint) [00:26:14] de recurso. Tem recurso no TSE, recurso no Supremo, isso aí já terminou o mandato.
Joesley: Então, tá bom. Puta que pariu.
Temer: Os aborrecimentos que você está tendo também, não é.
Joesley: Ah, é duro, não é, ô presidente, pelo seguinte, igualzinho esse senhor aqui também, não é. A gente fica igual, equilibrando aqueles pratos, não é, um monte. Porque nós não temos só isso. Tem a empresa, tem o concorrente, tem Estados Unidos, tem o dia a dia. Tem a empresa. E aí você tem que parar por conta de resolver coisa. Eu falo lá para o procurador lá, eu digo: “Doutor procurador, o senhor quer me investigar, não tem problema, mas não fica dando solavanco, não. Não fica só dando solavanco e fazendo medidas (inint) [00:27:05] e divulgando para a imprensa e fazer. Doutor, é o seguinte, eu posso estar certinho, mas eu vou chegar lá morto. De tanto solavanco que o senhor vai me dar, se eu estiver cem por cento certo, estou morto. Para com isso.” Da outra vez eu até falei, eu falei: “Faz um favor pra mim, me denuncia de alguma coisa.” Ele: “Mas não tenho nada pra te denunciar.” Eu falei: “Mas inventa. Inventa, me denuncia, para de me investigar, que eu não aguento. Se o senhor ficar aí desse jeito, o senhor vai me quebrar.” Puta que pariu, e eu sei que é o seguinte… mas tudo bem, nós somos do coro grosso, não é. Vamos lá. Estamos (inint) [00:27:40].
Temer: Vai passar. Não vai ficar a vida toda assim.
Joesley: É, tem que conseguir ter os pés no chão também, lógico que ah, passar vai passar, está faltando talvez, não é, Temer, quando estava ali falando anistia, o negócio da autoridade, a gente tinha uma coisa objetiva para lutar pelo que, não é, não? Oh, estamos lutando, trabalhando para ter (inint) [00:28:09]. Esses meninos, eles não têm juízo, eles não param, eles vão ficar pum, pum, pum, porque um delata um, que delata o outro, que delata um, que delata o outro. E a delação (inint) [00:28:28] verdade, não precisa provar nada, precisa nada (inint) [00:28:32]. Sabe de um negócio? É o seguinte, eu até perdoo o… já teve uns quatro, cinco delator nosso, coisa estapafúrdia, coisa…
Temer: Aquele Sérgio Machado.
Joesley: Não, nunca vi esse cara na vida. Mas eu vi o vídeo. Eu fico pensando que fala assim: “Fala aí da JBS.” “Não, eu não tenho nada.” “Ah, mas então, então vai preso.”
Temer: Então vai embora.
Joesley: Ou vai embora. “Eu não conheço esse povo.” “Não. Lembra…” Senão não serve. Eu vi o vídeo, o pobre coitado do Sérgio Machado, que eu não conheço. Ele comemorou, era o último capítulo, era o JBS. “Então, agora fala do JBS.” Aí, ele decorou assim, ele leu um papelzinho lá, tal, tal, tal. Quando acabou, ele falou: “Ah, acabou.” No vídeo.
Temer: O Sérgio Machado?
Joesley: É. Falando de JBS para os caras. Ele nunca viu. Nós nunca passamos perto da Petrobras… da Transpetro. Nós nunca vimos esse Sérgio Machado na vida, nem ele, nem os filhos dele, nada. Mas os procuradores miram “Fala, senão…”
Temer: Quando se lembrar, fala.
Joesley: Fala, lembra de alguma… qualquer coisa. Aí o cara…
Temer: (inint) [00:29:40], pra poder convencer os procuradores (inint) [00:29:42 ].
Joesley: Presidente, eu fico imaginando, teve um menino, numa dessas operações, estava preso, ele contando, ele teve que falar alguma coisa nossa, ele contando é de dar dó do cara. Falou: “Gente, vocês não sabem, eu fiquei quinze dias, fui humilhado na cadeia, porque eu não tinha nada pra falar de vocês. Aí, foi, foi, foi, foi, foi, eu falei.” É, você olha para o cara, fala, puta. No caso… (inint) [00:30:13] De tudo o que aconteceu conosco até agora tem só um tal de um PIC, que é Procedimento Investigativo Criminal. Não tem nada, não tem uma prova. Não tem um dinheiro meu no exterior que eu depositei. Não tem uma… E no dia que aconteceu, eu estava nos Estados Unidos. Eu liguei para o meu advogado, falei: “O que que é isso?” Ele também não sabia, não é criminalista. Ele falou: “Não, Joesley, o delegado aqui disse pra não preocupar, não. É um PIC, é um Procedimento Investigativo Criminal. É só um procedimento investigativo.” Falei: “Ah, tá bom.” Em meia hora falou… falou: “Oh, bloqueou as contas.” Ãhn? Passou mais meia hora “Oh, os bens estão bloqueados.” Que coisa que não é problema. Aí, passou mais meia horinha, ele falou: “Ih, Joesley, estão recolhendo os passaportes. Não pode viajar.” “Não pode viajar, tá louco.” Daqui a pouco quando eu… ué, processo investigativo, eu estou é preso. Foi onde corri lá no procurador, dei um seguro-garantia de um bilhão e meio, aí, pronto, resolveu o meu problema. Mas você imagina se eu não consigo fazer um negócio desse. É muito desproporcional. Então, eu acho, presidente, assim, tem que criar não sei o que também, alguma agenda, alguma coisa. Eu estava lendo o PSDB, não é, (inint) [00:31:31] aí, agora estão se mexendo. Dizendo “Não, não sei o quê…”
Temer: Agora, como (inint) [00:31:37].
Joesley: Isso.
Temer: (inint) [00:31:40] começar a encontrar uma solução.
Joesley: Presidente, não vou tomar mais o seu tempo, não. Oh, obrigado.
Temer: Bom te ver aí, viu.
Joesley: Adorei te ver. Nós estamos combinando o seguinte: primeiro, precisando alguma coisa, me fala, viu. Isso, estou dizendo, fica à vontade; segundo, estamos lá nos defendendo; terceiro, o negócio do Henrique, ótimo. E, enfim, se surgir alguma (inint) [00:32:06], mas e se for urgente eu…
Temer: (inint) [00:32:10].
Joesley: Gostei desse jeito aqui.
Temer: Esse jeito aqui…
Joesley: Eu vim dirigindo, nem vim com motorista. (Eu não dirijo) [00:32:17]
Temer: Você veio com (inint) [00:32:20].
Joesley: Também.
Temer: Se identifica lá. Primeiro se identifica lá.
Joesley: Eu tinha combinado de vir com ele.
Temer: Ah, você veio sozinho?
Joesley: Eu vim sozinho, mas aí eu liguei para ele era dez e meia, por isso que eu atrasei uns cinco minutinhos. Aí, deu nove e cinquenta, eu mandei mensagem para ele. Aí, ele não respondeu, deu dez e cinco eu liguei para ele. Falei (inint) [00:32:39]. Falou: “Puta, eu tô num compromisso aqui. Vai lá, fala.” Eu passei a placa do carro, eles, eu fui chegando eles abriram, eu nem dei meu nome.
Temer: Assim que (inint) [00:32:50 ].
Joesley: Não, fui chegando, eles viram a placa do carro, abriram, entrei aqui.
Temer: (inint) [00:32:56].
Joesley: Funcionou super bem. Você não vai mudar para o outro?
Temer: Já mudei para o outro. Não aguentei, foi uma semana lá. (inint) [00:33:03]. Primeiro, desce lá embaixo, não é, aquele térreo, aquela coisa (inint) [00:33:09].
Joesley: Isso, conheço, conheço. O térreo, isso.
Temer: (inint) [00:33:12] de cima, (inint) [00:33:12] parte de baixo. Então, tem oito (inint) [00:33:15], tem cozinha, tem uma sala de jantar no meio, aquele (inint) [00:33:20]. Não consegui dormir. (inint) [00:33:24] a Marcela para acordar. Ela falou: “Olha, eu também não estou… Vamos voltar…” Aí, eu fui para (inint) [00:33:37]. Não aguentei. Deve ter fantasma lá dentro.
Joesley: É difícil. Que aquilo lá é muito frio, não é. Aqueles vidrão. Como é que a Dilma aguentava ficar sozinha lá. Oh, deixa eu ir embora. Já é tarde.
Temer: (inint) [00:34:00].
Joesley: Estou bem. (inint) [00:34:03]. Mas coisa mais saudável, menos doce, menos industrializado. (inint) [00:34:36]. [00:36:16] Oh, eu estou indo certo aqui?
Fim da transcrição [00:36:19].
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